terça-feira, 28 de julho de 2009

O PAPEL DO ESTUDANTE NA LUTA EM DEFESA DA CLASSE TRABALHADORA



O PAPEL DO ESTUDANTE NA LUTA EM DEFESA DA CLASSE TRABALHADORA
É natural ouvir perguntas sobre o papel do Estudante na sociedade, e com maior força sobre o real interesse do mesmo na participação do manifesto do trabalhador acerca da proposta de um novo Sindicato que represente os trabalhadores de frigoríficos e indústrias da carne. Natural porque a história demonstrou a permanente fragmentação da sociedade em células, incutindo no imaginário dessa mesma sociedade a idéia de que cada célula (o trabalhador, o estudante, o empresário, o autônomo, o padre, o político) deve desempenhar sua estrita função e não interferir na do outro, mesmo que se esteja na presença de uma escancarada afronta à direitos sociais e a promoção de nefastas desigualdades humanas.

A fragmentação é uma estratégia de alta artimanha daqueles que detêm o poder (o grande empresario, o político influente, latifundiários) para fragilizar a massa que vem de baixo, desprovida dos meios de subsistência material. O Estudante, consciente dessa estratégia cruel, propõe-se a mostrar e transparecer esse conjunto de artimanhas para que o proletariado em geral tenha acesso à essas informações. O acesso ao conhecimento, próprio do Estudante, não é um privilégio exclusivo da classe burguesa e, portanto, de filhos de privilegiados. É claro que essa classe está presente nos bancos acadêmicos e escolares na tentativa de neutralizar os movimentos de base social do não-possuidor, promovendo de um modo generalizante o espírito individualista e alentador do possuidor, do proprietário. Logo, o oportunismo e a indiferença é um mal presente na classe Estudantil. O movimento estudantil, entretanto, busca aniquilar esse espírito.

Nesse sentido, a organização estudantil de Toledo se reuniu em diversos momentos nessas últimas semanas para discutir a situação dos trabalhadores de frigoríficos em geral e a relação dos mesmos com sua entidade representativa, o Sindicato. Em unanimidade, as conclusões se resumiram em dois aspectos: os trabalhadores do setor frigorífico atuam em condições de extrema exploração ao sabor dos mandos e desmandos do patrão, e o Sindicato ao qual se “afiliam automaticamente”, ao firmarem o contrato de trabalho, expressa total flexibilização dos direitos do trabalhador, ou seja, não fornece segurança jurídica verdadeira quando este se vê “assediado” pelo patrão: apenas promove “esmolas” burocráticas, o legítimo sindicalismo “pelego”.

O sindicalismo do Brasil corrompeu-se e degenerou-se no sindicalismo “pelego”, onde o dirigente e/ou diretoria de tal entidade concebida para tutelar e reivindicar efetivamente os direitos acaba por ser um aliado venal, instruído e coordenado, à semelhança de uma marionete, pelos interesses exacerbados de lucro e de menoscabo aos interesses do obreiro, do homem detentor da mão-de-obra, do homem propulsor da economia nacional, daquele que legitimou os fundamentos da sociedade. O sindicalismo de regência atual é o resultado de reiteradas ações repressoras do Estado, deste fiel escudeiro e servo mais leal dos Patrões, que, em nosso contexto, é o agronegócio. E isso impregnou os trabalhadores de tal modo que o sindicalismo se tornou fonte de desconfiança e de desilusão generalizadamente patológica. Nada tão natural esta desconfiança: o sindicalismo oficial, legal, submisso ao Ministério do Trabalho, apenas atrela os trabalhadores à práticas reformistas, corporativistas e sempre disposta ao interesse dos Patrões.

No manifesto ocorrido no dia 25 de julho na Unioeste, o Estudante esteve presente para apoiar o trabalhador. Lamentavelmente o atual sindicato, ou seja, o sindicato “pelego”, conseguiu incutir no trabalhador uma desavença com o estudante; passaram para o trabalhador a imagem do estudante como: um baderneiro sem propósito, um traficante, um maconheiro bêbado, um vagabundo sustentado pelo pai. Porém, grande parte dos trabalhadores que estavam lá são chefes de setor, membros do próprio sindicato e grupo de amigos que, ao reproduzir a política da entidade, ganham benefício dentro da empresa ao bajular o patrão. O sindicato patronal cometeu, com isso, seu erro mais grosseiro, e provou sua grande incapacidade e seu caráter grotescamente reacionário: subdividiu estudantes e trabalhadores como classes antagônicas, numa visão, como citada acima, tragicamente fragmentada da realidade, pois sabem que a força estudantil e a força proletária unidas os destronariam dos seus já condenados tronos.

Ora, sabemos que a maioria da juventude toledana é quem alimenta a base motora das indústrias e do comércio do município. Queremos entender qual é o desespero no interesse desses dirigentes sindicais em bloquear toda forma de reflexão, contestação e crítica à própria condição. Na verdade já sabemos. Cremos que os trabalhadores também já sabem. O que nos impulsiona mais ainda é que, nesses últimos 25 anos, queremos ter certeza que poderemos levantar a voz do trabalhador e a realidade caótica que se vê e sente no interior da indústria, porém abafada. Se o trabalhador não se condicionar – para se sustentar e sustentar sua família – às desgraças adquiridas pelo esforço do trabalho, ele é demitido. Se ele tenta concorrer ao sindicato, ele é demitido. Este é o nosso papel. O estudante não tem a temer.

Esse passo dos Estudantes, colaborará para ver nitidamente delimitado os interesses do Patrão e os do Trabalhador. É condição necessária para mudanças cruciais na sociedade. Expressa nada menos que a mudança segundo a qual tanto nos debruçamos e vislumbramos no nosso imaginário social.



Movimento Estudantil de Toledo

Nenhum comentário:

Postar um comentário